Mas
o século XXI trouxe novas possibilidades. Atualmente, no campo digital temos
espaços destinados a ser repositórios de estudos (artigos, dissertações, teses)
e de fontes diversas, de periódicos a fontes imagéticas, além de canais
destinados a produzir conteúdo sobre história (sobre estes canais, presentes no
Youtube, por exemplo, vou falar em outra postagem). As bibliotecas estão
digitalizando seus acervos e criando hemerotecas digitais[1].
Atualmente
é possível acessar informações, bancos de imagens e documentos de diversas
partes do mundo e usá-los para montar aulas e atividades. O livro didático, na
minha opinião, está se tornando um objeto de apoio secundário para professores
e professoras que começaram a investir em produzir conteúdo a partir de fontes.
Nas
hemerotecas e nos sites criados para abrigar documentos dos mais diversos é
possível conseguir um rico material que pode ajudar a compor uma aula,
complementar informações ou mesmo ser vir de base para projeto, inclusive
projetos interdisciplinares. Recentemente eu li alguns artigos com relatos de
experiências em sala de aula utilizando documentos como cartões postais e cartazes,
retirados de repositórios de documentos.
Eu,
por exemplo, frequentemente visito repositórios e hemerotecas. Encontro muito
material interessante sem sites de bibliotecas universitárias, de bibliotecas
nacionais e internacionais. Já tirei material para compro slides que preparei
para minhas aulas com alunos do fundamental e médio e, inclusive, já usei a
hemeroteca da Biblioteca Nacional para um projeto de pesquisa com alunos do
oitavo ano do ensino fundamental, que resultou numa pequena publicação
impressa, sobre a história local. E isso foi em 2014, há 10 anos atrás. De lá
pra cá não apenas aumentaram as fontes como, também, a possibilidade de
trabalhar diversos temas.
É
trabalhoso, mas prazeroso, principalmente quando se domina as ferramentas de
busca e gente aprende a localizar o material que precisamos. Até mesmo o idioma
deixou de ser um problema, pois os navegadores têm ferramentas de tradução
automática que permite o professor/a visitar e colher material em sites com
idiomas estrangeiros. Eu já usei documentos retirados da Gallica, a hemeroteca
digital da Biblioteca Nacional da França, do site da Biblioteca da Sorbone, da
Hemeroteca de Lisboa e de sites de bibliotecas universitárias de outros países.
É uma experiência de aprendizagem tanto para os estudantes quando para os/as
docentes, pois permite que se saia do lugar comum.
Trabalhar
povos indígenas a partir de documentos históricos colhidos de uma hemeroteca ou
uma bilbioteca, analisar o imperialismo e as guerras mundiais por meio de
imagens, acessar revistas e jornais publicados há mais de 100 anos e retirar
deles documentos para serem analisados durante uma atividade em sala de aula ou
mesmo uma avaliação. Há muitas possibilidades de incluir ao material didático
já utilizado conteúdo inédito.
Eu
particularmente acredito que o professor é o melhor material que a escola pode
oferecer. Infelizmente ele/a precisa ser lembrado/a disso constantemente. Por
isso muitas vezes ele acaba se acomodando e limitando sua aula ao livro
didático. Assim como os estudantes, professores também precisam ser estimulados
a tirar o melhor de si. Isso, inclusive é algo importante para a saúde mental
dos docentes, prejudicada pela pressão sofrida diariamente nas escolas, pelo
assédio de pais e de alunos, que parecem não entender os limites para o
trabalho docente e nem sempre reconhecem seu valor. O sentimento de realização
e descoberta pode ajudar a superar estes obstáculos, cada vez mais presentes no
nosso dia a dia.
Vou deixar aqui algumas indicações de sites de bibliotecas e hemerotecas que podem ser úteis para quem quiser se aventurar e buscar novos materiais para trabalhar em sala de aula. Você professor que já está na docência há muitos anos e ainda não se arriscou a trabalhar com outros materiais, não é tão complicado assim. Aos professores mais jovens, creio que a experiência pode ser enriquecedora e estimular outras atividades e até projeto de iniciação científica. Vamos tentar?
Alemanha
- Biblioteca Nacional Alemã
Brasil
-
Hemeroteca Digital da Biblioteca
Nacional
- Hemeroteca Digital Catarinense
- Biblioteca Digital do Estado de Minas
Canadá
-
Biblioteca Pública de Toronto
China
-
Biblioteca Nacional da China
Coreia
do Sul
-
Biblioteca Nacional da Coreia
Espanha
-
Biblioteca
Digital Hispânica
Estados
Unidos
-
Biblioteca Digital de Minnisota
França
-
Gallica
– hemeroteca digital da Biblioteca Nacional da França
-
Biblioteca da Universidade de
Sorbonne
Japão
Portugal
- Hemeroteca digital de Lisboa
[1] Hemeroteca é um setor das bibliotecas onde se encontram coleções de periódicos como jornais, revistas e outras obras editadas em série